O movimento feminista ganhou força no Brasil nos anos 60, época de manifestações populares das mulheres pelo direito ao voto. Desde então, o movimento se tornou cada vez mais popular e diversas outras pautas passaram a ser reivindicadas pelas feministas.
Mas com mulheres de antecedentes tão diferentes certas questões se tornaram centrais para alguns grupos e foram deixadas de lado por outros conglomerados do movimento, gerando assim, o surgimento de vertentes do feminismo.
Uma das vertentes da segunda onda do feminismo, que surge a partir de 1970 - já com influência do pacifismo - é o ecofeminismo, que conecta a luta pela igualdade de direitos e oportunidades entre gêneros com a defesa do meio ambiente e sua preservação.
O tema foi introduzido em 1974, pela escritora francesa Françoise d’Eaubonne em seu livro Le Féminisme ou la Mort. Nele a autora assinalou que havia uma relação profunda entre a superpopulação, a devastação da natureza e a dominação masculina, e que era preciso questionar a relação entre os sexos, evidenciando a subordinação existente das mulheres e da natureza pelos homens, onde ambos sofrem machismo.
As ecofeministas consideram de especial interesse das mulheres acabar com a dominação da natureza, sendo uma condição para a libertação da mulher. Mas de que forma o ambiente e os animais podem sofrer com o machismo? A filósofa norte-americana Karen Warren nos diz que há 10 interconexões:
histórica;
conceitual;
empírica;
socioeconômica;
linguística;
simbólica e literária;
espiritual e religiosa;
epistemológica;
política;
ética.
Cada uma delas descrevendo diferentes formas de opressão social das mulheres e de exploração da natureza.
Do ponto de vista econômico existe uma convergência do pensamento ocidental hegemônico, a dominação das mulheres e exploração da natureza como dois lados da mesma moeda a serviço da acumulação de capital.
As pessoas mais afetadas pelas consequências das mudanças climáticas são as mulheres. Dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC*) mostram que as mulheres compõem 72% do total de pessoas que estão em condições extremas de pobreza e menor poder socioeconômico. Mesmo assim, a maior parte das iniciativas e atividades voltadas a suavizar o desastre ambiental são feitas por elas.
“O Ecofeminismo é uma ponte entre a preservação do planeta e a opressão contra a mulher. Duas lutas contra um inimigo em comum: o sistema capitalista estabelecido pelos homens, que explora a natureza e as mulheres. E é baseada na observação: se as mulheres são as primeiras vítimas do aquecimento global, elas são pivôs na necessária transição ecológica, atrizes principais no desenvolvimento de soluções duradouras.”
ALICE JEHAN
O ecofeminismo traz uma outra possibilidade de se colocar no mundo e se relacionar com todos os seres que o habitam. Revisando conceitos da nossa cultura, como economia, progresso e ciência, de forma a demonstrar que essas noções hegemônicas e o modo de vida capitalista atualmente defendido é incapaz de conduzir os povos a uma vida decente.
No Brasil, ainda são poucos os movimentos e organizações que tratam do tema, mas o comportamento transdisciplinar com foco em sustentabilidade e num futuro progressista circundam diversos grupos em nossa região e país. Vale a pena citar o Fórum de Mulheres das Vertentes.
Você já tinha ouvido falar de ecofeminismo? Conhece algum grupo que debata o tema? Conte para nós!
Fontes:
Quem escreve: Maria Fernanda De Assis Silva | Facebook
Maria Fernanda de Assis é voluntária do SJDR Lixo Zero e contribui com as publicações do blog e redes sociais do projeto. Graduanda de Ciências Econômicas, vegetariana e simpatizante do ativismo ambiental.
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